quinta-feira, 19 de abril de 2007

I do rest my case...and surrender to my weaknesses!


Assim dizia o Viegas quando lia a "Tabacaria" do Álvaro de Campos:
"_(...) come chicolates, piquena, come chicolates! Olha que não há mais metafísica no mundo senão chicolates.Olha que as religiões todas não ensinam mais que a confeitaria.Come, piquena suja, come!(...)"*

E agora, há poucochinho, depois de mais uma crise de bulimia (a quinta de hoje...), resolvi escutar os conselhos sábios da amiga Cat:
_"Aceita os teus limites físicos, querida amiga, aceita que o teu corpo não saiba, nem queira ainda alimentar-se como dantes..."
Também ouvi a doce Rose que, há minutos, me dizia, em tom maternal e em jeito de dica do mês:
-"Vai lá comer amêndoas, miúda!"
E deixei esboçar o primeiro e trémulo sorriso do dia...sim, porque isto de tornar-me anorética, primeiro, e depois bulímica é um osso bem duro de roer e que, ademais, me engasga a alegria...

É aquilo que dizia há dias, em conversa com o pappi, ao telefone:
_"Perde-se e ganha-se todos os dias!" E eu, às aranhas uma vez mais, dei o flanco e deixei que entrasse "o frango" dos ansiolíticos!...
Creio já ter entendido, de uma vez por todas, os "gritos" do corpo quando tem fome, mas estou ainda longe de o ouvir quando como demais e/ou sofregamente....
Vou deixar sair essa voz interior que me persegue, lenta e sussurrada, e me fala assim ao ouvido:
_"Carpe diem, miúda...um dia de cada vez, que a vida é curta, é certo... mas a tua ainda agora começou!"


E permito-me terminar este post, parafraseando o início do poema do heterónimo de Pessoa:
"Não sou nada. Nunca serei nada. Não posso querer ser nada. À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo."*
(momento de dolorosa inspiração, em casa de um amigo que me ofereceu o ombro, 11.04.07, 17h44)


2 comentários:

Anónimo disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Anónimo disse...

Por incrivel que pareça, fiz esta semana uma pintura na parede do meu escritorio que, tem esse começo da Tabacaria do heteronimo do nosso Pessoa, possivelmente, o melhor começo de poesia do mundo...